unioeste UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
CENTRO DE EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ARTES – CECA
CURSO DE LETRAS – PORTUGUÊS/INGLÊS/ESPANHOL/ITALIANO
ALINE DE OLIVEIRA CONRADO
AS VOZES ESQUECIDAS EM PORTUGAL
A COMUNIDADE BAIRRO NA COSTA DE CAPARICA
LISBOA – PT
2014 |
ALINE DE OLIVEIRA CONRADO
AS VOZES ESQUECIDAS EM PORTUGAL
A COMUNIDADE BAIRRO NA COSTA DE CAPARICA
Projeto de Pesquisa apresentado à disciplina de Monografia, do Curso de Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – campus de Cascavel.
Orientador: Profª. Drº. Alexandre Sebastião Ferrari.
Profª. da disciplina: Profª. Drª. Terezinha da Conceição Costa-Hübes
Linha de Pesquisa: Ánalise do discurso.
LISBOA – PT
2014
SUMÁRIO
1 TEMA …………………………………………………………………………………………………..04
1.1 Delimitação do Tema……………………………………………………………………………..04
2 PROBLEMA/PROBLEMATIZAÇÃO …………………………………………………………04
3 JUSTIFICATIVA …………………………………………………………………………………….05
4 OBJETIVOS ………………………………………………………………………………………….06
4.1 Objetivo Geral ………………………………………………………………………………………06
4.2 Objetivos Específicos ……………………………………………………………………………06
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ……………………………………………………………….07
6 METODOLOGIA ……………………………………………………………………………………09
7 CRONOGRAMA ……………………………………………………………………………………10
REFERÊNCIAS ………………………………………………………………………………………….11
1 ESCOLHA DO TEMA
Ánalise do Discurso (AD) – Formações Imaginárias dos moradores de uma determinada Comunidade.
1.1 Delimitação do tema
Este estudo está inserido na área de Ánalise do Discurso, a qual visa estudar o que é dito, implicitamente, centrando-se na análise do imaginário através da linguagem do cotiadiano. Para Orlandi (1999, p.43) “Toda palavra é sempre parte de um discurso. E todo discurso se delineia na relação com outros: dizeres presentes e dizeres que se alojam na memória”.
Desta maneira, focamos em responder a seguinte pergunta de pesquisa: qual é a imagem (representação) que os moradores de uma determinada Comunidade possuem deles próprios como grupo, frente a realidade econômica e social diversa em que se encontram?
2 PROBLEMA/PROBLEMATIZAÇÃO
Pode-se dizer que os individuos expressam seus pensamentos quanto cotiadiano e vivencias, tecem opiniões e exercem sua cidadania através do discurso: uma tradução verbal da sintese do imaginário do seu contexto histórico, social e suas condições de produção.
Na literatura estes aspectos são evidenciados na área de pesquisa da Análise do Discurso (AD) onde entender o imaginário pessoal depende, em grande parte, da história, inserção cultural, social e econômica do interlocutor. Conforme ORLANDI (1999):
A análise do discurso, como seu próprio nome indica, não trata da língua, não trata da gramática, embora todas essas coisas lhe interessem. Ela trata do discurso. E a palavra discurso, etimologicamente, tem em si a adéia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando.
Por outro lado, PÊCHEUX (1997) refere-se a AD como:
A Análise do discurso – quer se considere com um dispositivo de análise ou como instauração de novos gestos de leitura – se apresenta com efeito como uma forma de conhecimento que se faz entremeio e que leva em conta o confronto, a contradição entre suas teorias e sua prática de análise. E isso compreedendo-se o entremeio seja no campo das disciplinas, no da desconstrução, ou mais precisamente no contato do histórico com o linguístico, que constitui a materialidade específica do discurso.
Assim na perspectiva da AD, o discurso é uma pratica social que independe da lingua ou da fala, algo que vai além do que é dito. O entender depende em grande parte do interlocutor, da sua história e sua inserção cultural, social e econômica. Na literatura da AD estes aspectos são evidentes, pois “a AD se constitui no espaço de questões criadas pela relação entre três domínios disciplinares: a Linguística,o Marxismo e a Psicanálise”(ORLANDI, 1999, p.19)
Formalmente, podemos dizer que a AD busca a partir da filosofia materialista e de uma forma reflexiva, questionar a pratica das ciências humanas e a divisão reflexiva do trabalho intelectual, sendo geralmente aplicada na análise das ideologias que consubistânciam os textos veículados na mídia.
Neste contexto, o presente trabalho pretende aplicar a AD para compreender a realidade de uma comunidade carente que, em divergência do seu entorno, difere drasticamente no nível de desenvolvimento percebido.
A Comunidade Bairro (doravante CBCC) deste estudo se encontra em Portugal, nas designadas Terras da Costa de Caparica. A CBCC é composta por aproximadamente 450 pessoas de diversas etnias, como; africanos (Cabo verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique), ciganos, portugueses e alguns brasileiros. Esta comunidade difere de muitas outras, pois trata-se uma comunidade carente situada numa zona urbana, turística, e num país inserido na União Europeia uma das zonas de maior desenvolvimento tecnológico, económico e social do mundo.
3 JUSTIFICATIVA
Nos dias atuais tem sido cada vez maior o aprofundamento das desigualdades sociais até mesmo nas sociedades mais desenvolvidas, trata-se de um paradoxo.
De acordo com a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE) no estudo ‘Divided We Stand: Why Inequality Keeps Rising’, Portugal vem acentuando ao longo dos 30 anos a desiguladade social entre ricos e pobres, mantendo-se não somente um dos países mais desiguais do mundo desenvolvido, bem como o mais desigual entre as economias europeias.
Diante deste contexto, o presente trabalho, sob a luz da Análise do Discurso sob o prisma de Relações de Força, Relações de Sentidos, Antecipação: Formações Imaginárias (Orlandi, 2001, p.39), pretende compreender o funcionamento do discurso da desigualdade social e a forma como ela produz efeitos de sentido no discurso de uma comunidade de baixa renda inserida num entorno de riqueza e prosperidade.
A Comunidade Bairro esta localizada na cidade Costa de Caparica, que é uma cidade portuguesa beira-mar com aproximadamente 13.500 habitantes, é muito conhecida pelas suas extensas praias, pois recebe turistas do mundo inteiro. A Costa de Caparica foi intitulada como cidade em 09 de dezembro de 2004, deixando de ser parte do conselho de Almada.
A CBCC é composta na sua maioria por imigrantes africanos, sendo esses crianças, jovens, adultos e idosos, ocupam esse espaço a cerca de quatro gerações, e todo esse tempo enfrentam uma grande problemática de abandono social, em especial a falta de água canalizada.
A Comunidade conta com o auxilio de um projeto, intitulado Fronteiras Urbanas, que é composto por um grupo de invertigadores de diversas áreas e é financiado pela fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e apoiado pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa (IEUL).
Foi através deste projeto que tivemos a oportunidade de conhecer a comunidade, e de idealizar uma proposta de trabalho que permiti-se a aplicação prática da teoria que embasa AD. Acreditamos que a interculturalidade e a questão social que se faz presente na CBCC possibilita o atingimento do tema proposto.
Identifiquei-me com a comunidade, pois encontrei uma certa semelhança com a minha comunidade de origem que está localizada no sul do Brasil e faz parte do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), movimento esse, que assenta pessoas que não possuem morada, em terras agrícolas desapropriadas, desde 1986. Porém muitas das famílias que são assentadas nas terras ficam sem água canalizada, devido à negligência das autoridades públicas e também à falta de dinheiro dos próprios agricultores.
As diferenças principais entre estas duas comunidades é que uma está localizada numa zona rural e a outra numa zona urbana e, na Costa, a maioria dos moradores são imigrantes, diferentemente deste tipo de comunidades no Brasil que são habitadas exclusivamente por nacionais.
Importante salientar que com a influência do projeto Fronteiras Urbanas os moradores da Comunidade Bairro organizaram uma Comissão recentemente, designada Comissão de Moradores, pois eles sentem a nessecidade de terem o devido reconhecimento perante as instituições públicas e a sociedade.
4 OBJETIVOS
4.1 Geral
Analisar o discurso de alguns dos moradores da CBCC, apartir do corpus que será constituido, para obter Formações Imaginárias, de como cada um se encontra inserido no contexto de comunidade/grupo.
4.2 Específicos
- Estudar e compreender o funcionamento da CBCC.
- Compreender o Projeto Fronteiras Urbanas.
- Constituir um Corpus.
- Selecionar e analisar alguns dos discursos coletados com o enfoque nas Formações Imaginárias de cada um, contando para este fim com a aplicação de questionários escritos/gravados aos moradores da CBCC.
- Apresentar os resultados de ánalise obtidos no trabalho quanto a imagem que os moradores da CBCC possuem deles próprios como grupo, frente a realidade econômica e social diversa em que se encontram.
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para a realização deste trabalho, temos como principais documentos norteadores o Relatório do Projeto Fronteiras Urbanas (FU) produzido Pela professora Dª Monica Mesquita juntamente com a sua equipe de investigadores voluntários, no qual contém a caracterização da Comunidade e a atuação do projeto em seu meio. E para realizar a análise, conta-se com o Livro: Análise do discurso Princípios e Procedimentos (1999), autoria de Eni P. Orlandi.
Com o enfoque na formação do imagianário dos interlocutores, neste caso os moradores da CBCC. Para Orlandi (1999):
As condições de produção, que constituem os discursos, funcionam de acordo com certos fatores. Um deles é o que chamamos relação de sentidos. Segundo essa noção, não há discurso que não se relacione com outros. Em outras palavras, os sentidos resultam de relações: um discurso aponta para outros que sustentam, assim como para dizeres futuros. Todo discurso é visto como um estado de um processo discursivo mais amplo, contínuo. Não há, desse modo, começo absoluto nem ponto final para o discurso. Um dizer tem relação com outros dizeres realizados, imaginados ou possíveis.
Dessa forma, trabalharemos a questão do imaginário, analisando através do discurso produzido pelos interlocutores, especificamente a perspectiva deles como comunidade/grupo, segundo ORLANDI (1999):
O imaginário faz necessariamente parte do funcionamento da linguagem. Ele é eficaz. Ele não “brota” do nada: assenta-se no modo como as relações sociais se inscrevem na história e são regidas, em uma sociedade como a nossa, por relações de poder.
O foco da nossa pesquisa está na análise das Formações Imaginárias, para identificarmos como cada membro se insere no contexto de grupo, no caso o lugar em que habitam, a CBCC. E para produzir esse trabalho, vamos contar exclusivamente com as pesquisas de Orlandi (1999), mas também contaremos com outros autores da área.
6 METODOLOGIA
Os objetivos propostos para este trabalho são os de analisar o discurso dos interlocutores em questão, pautando também nos aspectos sociais e culturais que se fazem presentes no dia a dia dos moradores da comunidade.
Nesse contexto, aplicamos como metódo de análise o conceito de relações de força, de sentido e antecipação: formações imaginárias (Orlandi, 1999). Partindo da observação do corpus da CBCC pretendemos desenvolver a análise em três estapas. Em primeiro lugar, realizar visitas para conhecer os moradores e sua realidade.
Posteriormente, pretendemos elaborar questionários para saber o ponto de vista de cada um e obter um corpus de estudo com base em entrevistas individuais escritas. Por fim, completar o corpus com entrevistas gravadas no local e com complementação de foto-história da CBCC e da realização do projeto.
Acreditamos que o estudo detalhado das ferramentas e variáveis que fazem parte do metódo de análises nós permitira identificar a perspectiva dos moradores e responder a pergunta foco do estudo.
7 CRONOGRAMA
DATA |
ATIVIDADE PREVISTA |
Fevereiro |
Fundamentação teórica.Visita para conhecer a Comunidade. |
Março |
Fundamentação teórica.Produção do pré projeto.
Visita para manter contato com os moradores da CBCC. |
Abril |
Coleta de corpus de estudo para análise (entrevistas escritas e gravadas e fotografias).Produção e entrega do pré projeto |
Maio |
Fundamentação teórica;Produção do 1º capítulo, discorrendo a contextualização profissional no espaço de análise: a Comunidade Bairro na Costa de Caparica. |
Junho |
Produção do 2º capítulo discorrendo sobre as concepções de Análise do Discurso. |
Julho |
Análise do corpus de estudo e produção do 3º capítulo. |
Agosto |
Apresentação no seminário interno. |
Setembro |
Revisão do texto. |
Outubro |
Apresentação à banca. |
Novembro |
Entrega da versão final. |
REFERÊNCIAS
ORLANDI, Eni. Análise do discurso: princípios e procedimentos. Campinas, Pontes, 1999.
PECHÊUX, M. Discurso: Estrutura ou acontecimento. Tradução: Eni Orlandi. Campinas, SP: Pontes, 1997; 2ªed. Tradução de Discourse: Structure or evenment. (1983)